Se se perguntar a um lisboeta quem é o padroeiro da
cidade, a resposta mais provável é que diga que é “Santo
António”. Sem dúvida que é ele o santo mais popular na nossa cidade. A sua
popularidade ultrapassou largamente a do padroeiro oficial, São Vicente, de
quem não temos razões felizes para festejar. Porque será?
Ao olharmos para o brasão e a bandeira de Lisboa iremos
encontrar uma nau com dois corvos. A história por detrás dessa imagem refere-se
a S. Vicente, um santo de origem espanhola, que viveu exatamente do outro lado
da Península Ibérica, no extremo oposto a Lisboa, entre os séculos III e IV.
Foi martirizado até à morte por se negar a adorar deuses pagãos. Com a
invasão muçulmana na Península Ibérica no século VIII, o corpo de São Vicente
foi colocado num barco à deriva no mar, dando à costa no Promontório Sacro,
Cabo de Sagres, que entretanto se passou a chamar Cabo de São Vicente.
Diz a lenda que D. Afonso Henriques, já no século XII, fez a
promessa de que recuperaria as ossadas do mártir S. Vicente caso conquistasse
Lisboa. Após o cerco ao castelo dos mouros que durou sessenta dias, a cidade
foi conquistada em 1147. Sendo um homem de palavra, o Rei de Portugal ordenou
que fossem encontradas as relíquias de S. Vicente, que na altura se encontravam
no Algarve, território ocupado ainda por mouros. Não foi tarefa fácil pois não
se sabia muito bem onde se encontravam. Foi preciso esperar por 1173 para que
as relíquias fossem encontradas e transportadas de barco para Lisboa. Diz-se
que dois corvos protegeram a nau durante toda a viagem até à chegada a Lisboa.
Nesse mesmo ano, S. Vicente tornou-se oficialmente, o padroeiro de Lisboa. A nau e os dois corvos tornaram-se símbolos da cidade, presente no seu brasão (e
também em muitos dos bonitos candeeiros de rua e de fachada da iluminação pública
da cidade). O dia de São Vicente é a 22 de janeiro mas o feriado de Lisboa é a
13 de junho, o Dia de Santo António.
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